sexta-feira, 7 de setembro de 2012


PALEONTOLOGIA DE MAMÍFEROS



Introdução: A paleomastozoologia é a divisão da paleontologia que estuda os mamíferos. Os primeiros mamíferos apareceram pela primeira vez no registro fóssil no Triássico, mas isso representa o produto de linhagens reptilianas (Sauropsida e Synapsida) que se estende ao passado, no Carbonífero. A história dos mamíferos é marcada por duas etapas: i) “Etapa Mesozoica”, com menor diversidade e presença de formas pequenas, insetívoras e de hábitos noturnos; ii) “Etapa Cenozoica” (Paleoceno - Eoceno) onde ocorreu uma notável irradiação de suas linhagens, ficando conhecida como “idade dos mamíferos”.
http://www.mundogump.com.br/


Diagnose do táxon: A sinapomorfia que tradicionalmente define os mamíferos é a articulação craniomandibular em forma de côndilo, formada pelos ossos dentários e escamosal. No entanto o grupo apresenta outras características que os distinguem dos demais grupos como a presença de glândulas mamárias, que produzem leite do qual se alimentam as crias (característica que dá nome ao grupo), outras glândulas como sudoríparas e sebáceas, pelos em pelo menos uma fase da vida e outras estruturas anexas (cornos, chifres, garras, unhas, etc.). O sucesso adaptativo do grupo muito se deve ao fato de serem endotérmicos.


Classificação: A maioria dos mamíferos é placentários (Placentalia = Eutheria) no qual o desenvolvimento do embrião se dá completamente no interior do útero da mãe, sendo o intercâmbio entre a mãe e o feto realizado via placenta. Nos marsupiais (Metatheria) o desenvolvimento se completa em uma bolsa externa formada por uma dobra da pele chamada marsúpio ou bolsa marsupial. Correspondendo a um estágio mais primitivo temos os monotremados (Prototheria) que são mamíferos ovíparos, ou seja, colocam ovos. Uma vez que a classificação dos mamíferos é extensa e um pouco complexa para ser discutida nesse espaço, levaremos em consideração esta divisão mais simples e didática que acabamos de explicar.


Ocorrências paleontológicas: As principais características diagnósticas para os mamíferos fósseis encontram-se na morfologia e estrutura do crânio, dentes e extremidades. Quase todos os grupos de mamíferos apresenta registro fóssil, inclusive na Bahia e no Brasil.
Os inúmeros registros e cada vez mais constantes de fósseis encontrados não somente no mundo inteiro como também no nordeste e também na Bahia.


http://gilbertocarlos-cinema.blogspot.com.br/2011/08/era-do-gelo-3.html
O trabalho de pesquisadores é intenso e incessante, o na maioria das vezes se traduz em verdadeiros achados de várias Eras Paleológicas.
No Brasil temos várias ocorrências de fósseis encontrados,como por exemplo,Preguiça Gigantes encontrada no interior da Bahia onde o pesquisador Cartelle, Chagas e seus colegas estão tirando do Poço Azul, como é conhecido o sítio do município de Nova Redenção, um verdadeiro zoológico brasileiro da Era do Gelo. São quatro espécies só de preguiças gigantes --duas das quais devem ganhar novas denominações científicas graças aos fósseis da gruta, afirmam os pesquisadores.
Em Itapipoca (Ceará), um morador da localidade de Sítio Santa Rita, distante cerca de 30km da sede deste Município, encontrou em meio a escavações fragmentos de ossos de um mastodonte, animal pré-histórico, que faz parte da Ordem dos Proboscídeos, um grupo de animais com trombas, habitante daquela região, entre 8 mil e 30 mil anos atrás.
Ainda em 22 de agosto de 2008, um antigo poço de piche, exposto quanto funcionários de uma petrolífera venezuelana instalava um oleoduto, revelou uma grande variedade de fósseis, incluindo um tipo de tigre dentes-de-sabre que paleontólogos dizem nunca antes ter sido encontrado na América do Sul. 
Os fósseis têm 1,8 milhão de anos e incluem crânios e maxilares de seis tigres dentes-de-cimitarra - uma variedade do tigre dentes-de-sabre com caninos menores e, mais finos que das outras espécies.
http://www.sitedecuriosidades.com/im/g/B9668.jpg

E em 09/08/2002, cientistas acham 45 fósseis de tigres dentes-de-sabre na Espanha, em Torrejon de Velasco (Espanha). O paleontólogo espanhol Jorge Morales descobriu os restos fósseis de cerca de 45 tigres dentes-de-sabre, com diversos crânios intactos, em uma encosta árida a 30 km da capital espanhola.

Os restos devem ter entre 9 milhões e 10 milhões de idade. O mais antigo fóssil conhecido de um humanóide, encontrado no Chade no mês passado, tem entre 6 milhões e 7 milhões de anos.


Distribuição Estratigráfica: Os primeiros mamíferos foram encontrados no Triássico superior, porém no Brasil o fóssil mais antigo de um mamífero datado do Cretáceo Superior na Formação Adamantina, Bacia do Paraná. O registro cenoizoico de mamíferos é muito incompleto.
Fósseis paleógenos provém apenas de duas localidades, na região norte brasileira, de idade miocênica e pleocênica. Os pleistocênicos são muitos abundantes e encontrados em quase todos os estados brasileiros e todos estes fósseis provem da Bacia de São José de Itaboraí (Paleoceno Superior), no estado de Rio de Janeiro e da Bacia de Taubaté (Oligoceno superior) em São Paulo.
Mesmo de pequeno porte, A Bacia de Itaboraí, milhares de fósseis em excelente estado de preservação foram encontrados e coletados. Essa bacia é o mais antigo registro brasileiro do inicio da irradiação dos mamíferos, ocorrida após a extinção dos dinossauros.
Fósseis pleistocênicos são encontrados por quase todo o Brasil, onde na região nordeste é mais frequente, pois os depósitos são mais comuns em tanques, cacimbas e cavernas calcárias. Muito comuns na Bahia e Minas Gerais, onde foi possível coletar esqueletos completos em ótimo estado de conservação.

Paleobiogeografia: Acredita-se que as ordens atuais de marsupiais australianos evoluíram de um ancestral que dispersou a partir da América do Sul, via Antártica, provavelmente durante o Cretáceo superior ou Paleoceno inferior e essas ordens divergiram antes do Oligoceno Supeior.
Para os pesquisadores, outra teoria seria derivada no estudo baseado nos mais antigos fósseis de Australidelphia,encontrados na Austrália.Os autores argumentam que marsupiais atribuídos á Australidelphia encontrados nos estratos paleocênicos sul – americanos de Tiupampa (Bolívia) e Itaboraí ( Brasil),estão equivocadamente identificados.Dessa forma o registro inequívoco mais antigo  do grupo na América do Sul seria microbiotherium Tehuelchum do Mioceno inferior da fauna de Santa Cruz na Argentina.Portanto é sugerido que a presença de microbiotérios na América do Sul seria o resultado de dispersão desse grupo a partir da Gondwana Leste.

http://marcinhorls.blogspot.com.br/2011/02/evolucao-e-arqueologia-8ano-mamute.html

  Aplicações: A morfologia de dentes e esqueletos pós-cambriano, os mamíferos podem ser bons indicadores paleoambientais,sugerindo a existência pretérita de campos abertos,savanas ou cerrados e florestas,assim como de maior ou menor quantidades de corpos d’água.Cavalos e macrauquenídeos,por exemplo necessitam campos abertos,adequados para o desenvolvimento de velocidade da corrida.
Grandes edentados como preguiças e gliptodontes, na região amazônica revelou que ,há alguns milhares de anos aquela região era coberta por savanas.
As marcas provocadas pelo desgaste dos dentes de mamíferos auxilia na identificação do paleoambiente passado. Mais uma vez a Bacia do Itaboraí é tida como exemplo, pois foi datada como Paleoceno superior por correlação com os mamíferos argentinos.



Por Ariela e Lívia


REFERÊNCIA:

CARVALHO, I. S. Paleontologia - 3ª edição - volume 3, Interciência. 2011.














quarta-feira, 5 de setembro de 2012

APRENDIZAGEM GEOPALEONTOLÓGICA EM MORRO DO CHAPÉU



Aula de Campo em Morro do Chapéu – BA

A disciplina de Paleontologia oferecida ao Curso de Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) – campus de Jequié é constituída por uma parte teórica e outra prática. A parte prática da disciplina é trabalhada em laboratório e em uma aula de campo na região da cidade baiana de Morro do Chapéu.
É um privilégio se ter tão perto do campus um local tão fantástico e de beleza exuberante, que nos traz um grande conhecimento paleontológico acerca dos temas estudados em sala de aula.
Durante a viagem à Morro, tivemos a oportunidade de conhecer quatro locais ricos em história e material geológico e paleontológico.
No primeiro dia de campo (24-08-2012) visitamos a Gruta Cristal. Na entrada da gruta pode-se observar as estratificações das rochas, formadas ao longo de milhões de anos. A Gruta Cristal faz parte da Formação Caboclo, constituída por arenito e laminitos.



  

Foram feitas coletas de subfósseis dentro da gruta. Esse tipo de coleta é diferenciado, para isso foram demarcadas parcelas de 1m² em três pontos do interior da gruta, sendo o primeiro próximo a entrada, o segundo intermediário e o terceiro ao fundo da gruta. Em cada parcela foi escavado com auxílio de uma pequena pá, três amostras de material sedimentar contendo ossículos. Cada amostra foi etiquetada e triada para separação do material subfóssil e do sedimento.






 Á frente da gruta são encontradas biohermas (blocos de estromatólitos) estratiformes.




Ainda no mesmo dia, visitamos o Buraco do “Possidônio”, uma cratera de cerca de 60m de profundidade, apresentado diferentes tipos de vegetação dentro e fora dele.



No segundo dia de campo (25-08-2012) visitamos a Fazenda Arrecife, uma fazenda abandonada, que apresenta diferentes tipos de estromatólitos, e em grande quantidade.
A fazenda proporciona a visualização de afloramentos de biohermas do grupo Una. São exemplares de estromatólitos estratiformes e colunares.




Uma experiência única poder ver pessoalmente e tocar nesses icnofósseis, que são registros de atividade de bactérias e cianobactérias, onde um dia foi mar. É como voltar ao passado e compreender um pouco da história da vida, pois os estromatólitos representam o mais antigo registro de vida encontrados em forma fóssil.

Paleohistologia na UESB - Jequié

         O LabGeo - Laboratório de Geociências da UESB, campus de Jequié agora confecciona suas próprias lâminas petrográficas.
        A técnica foi inserida através de um Projeto de Iniciação Científica. As primeiras lâminas fora confeccionadas  em 2010/2011, e isso auxiliou no crescimento e desenvolvimento da Paleontologia no campus de Jequié.
             Foram feitas lâminas de ossos de Dinossauros Triássicos, bem como de material botânico fóssil.
Bloco de material botânico fóssil
Lâmina de osso de Dinossauro Triássico



Preparação das lâminas em meio aquoso

 Monumento Natural das Árvores Fossilizadas



Acervo Naturatins

Fósseis da Fazenda Andradina
Marissônia Lopes

Inscrições Rupestres
Marissônia Lopes



Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional

" O mais exuberante e importante registro florístico tropical-subtropical permiano no Hemisfério Sul "
  
Há alguns milhões de anos o Tocantins abrigou uma floresta que hoje é considerada o maior Monumento Natural fossilizado do mundo. Localizado na região norte do Estado, no município de Filadélfia, distante 330 km da Capital, o Monumento Natural das Árvores Fossilizadas do Tocantins abrange uma área de 32 mil hectares no cerrado tocantinense.

Lei e data de criação: Lei nº 1.179 de 04 de outubro de 2000
Área: 32.152,00ha
Município: Filadélfia/TO
Objetivo: Proteger e conservar as diversidades biológicas e paleontológicas existentes no local.

Geografia: O Monumento Natural das Árvores Fossilizadas está situado no município de Filadélfia, esta Unidade de Conservação de uso integral possui 31.758 hectares. Foi criado pela Lei Estadual nº 1.179, de outubro de 2000, com o objetivo de preservar o patrimônio fossilífero presente na área. É uma UC de caráter especial pelo fato de ser uma Unidade de Proteção Integral e ter como objetivo básico a preservação de lugares singulares, raros e de grande beleza da paisagem (SNUC, Art. 12). Mesmo assim, é permitido o suo controlado em suas áreas, e mesmo da permanência de propriedades particulares em seu interior desde que seja possível compatibilizar os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais.

Geologia: O Monumento Natural das Árvores Fossilizadas tem este nome em função da existência de sítios paleontológicos e arqueológicos onde são encontrados os fósseis de árvores como pteridófitas, esfenófitas, coníferas e cicadácias. Ele é também conhecido como Parque das Árvores Petrificadas, cujos fósseis são chamados de Pedras de Pau pela comunidade local.

As rochas do Monumento e de seus arredores são portadoras de notável e abundante material fossilífero, essencialmente, representado por restos de plantas ainda pobremente estudados. Tais fósseis constituem uma peça-chave do patrimônio científico mundial, tendo enorme importância para estudiosos que investigam florestas, o clima e a ecologia planetária do período Permiano.

Entre os elementos paleobotãnicos do Monumento, destacam-se samambaias arborescentes. Estas, no Neopaleozóico, distribuíram-se largamente pela Terra em meio às comunidades de plantas higrófilas de terras baixas, exibindo uma notável diversidade de padrões morfológicos, anatômicos, ecológicos e de crescimento.

Os vegetais fósseis são encontrados em afloramentos que distribuem como “manchas” descontínuas pela área. Estão associados, quando “in situ”, a arenitos e lamitos da Formação Motuca. Todavia, na forma alóctone, freqüentemente estão misturados a fragmentos de silexitos da Formação Pedra de Fogo. Isto se dá em áreas altas, que marcam a transição Pedra de Fogo Motuca, ou é verificado em encostas, ravinas e riachos.

O alto índice de samambaias indica que a região central do Tocantins era uma planície costeira com um farto sistema hídrico durante o período Permiano. O clima era tropical, mas apenas com um estudo de campo mais detalhado será possível concluir se o ambiente era amazônico ou parecido com o Cerrado. Pode parecer que pouco mudou por ali nos últimos milhões de anos, mas os chapadões indicam o contrário. Eles surgiram depois das árvores fossilizadas e seriam dunas de deserto que se transformaram em rochas. Mais um sinal do valor histórico do parque.

O patrimônio fossilífero do Monumento representa um imenso valor científico e cultural que extrapola os interesses nacionais

Segundo o paleobotânico Roberto Iannuzzi, do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na região tocantinense de Filadélfia existiam também fósseis de vegetais primos das coníferas (Cordaitales) e de cavalinhas (Equisetales), mas esse material foi vendido para cientistas alemães, que publicaram estudos na revista científica Review of Paleobotany and Palynology. Na Alemanha o comércio de fósseis é legal, e os pesquisadores teriam comprado as peças de contrabandistas.

PRESERVAÇÃO: A preservação dos vegetais deu-se por conta de um processo de permineralização celular por sílica.

A infiltração e impregnação de sílica nas células e nos espaços intercelulares formou uma matriz inorgânica que sustentou os tecidos das plantas, preservando-os. A silificação das plantas deu-se sob temperaturas relativamente baixas, abiaxo de 200ºC (Martins, 2000). Ainda de acordo com este autor, a sílica é praticamente pura. A origem do agente da permineralização silicosa ainda permanece obscura. As rochas do Monumento e de seus arredores são portadoras de notável e abundante material fossilífero, essencialmente representado por restos de plantas ainda pobremente estudados. Tais fósseis constituem uma peça-chave do patrimônio científico mundial, tendo enorme importância para estudiosos que investigam florestas. O clima e a ecologia planetária do permiano.

Grande parte do material é de fósseis de samambaias do gênero Psaronius, que não existe mais. As samambaias pré-históricas eram árvores gigantes, chegavam a ter 10 metros de altura. Algumas de suas folhas ficaram impressas nas rochas da região. Os fósseis foram preservados graças à presença de sílica no ambiente, que infiltrou dentro das plantas e conservou seus formatos. A fossilização bem feita permite observar os grãos de pólen, os tecidos e a estrutura interna dos organismos. O fenômeno de fossilização é raro. Acredita-se que menos de 1% de todas as espécies que já existiram na Terra foram fossilizadas.

Em razão da excepcional preservação das plantas fósseis e de sua natureza como depósito autóctone a parautóctone, a Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional possibilita investigações em várias dimensões: anatomia (plantas quase completas), taxonomia, tafonomia, biocronoestratigrafia, paleoecologia, paleofitogeografia, estratigrafia, paleoclimatologia e sedimentologia. Resultados destes estudos interessam diretamente aos estudos geológicos e paleobotânicos, em escalas local, regional e global.


Fonte: Governo do Tocantins - Disponível em <http://areasprotegidas.to.gov.br/conteudo.php?id=41>

terça-feira, 4 de setembro de 2012

                                         Estromatótilos estratiformes (24-08-2012)

Na aula de Campo em Morro do Chapéu - BA, tivesmos a oportunidade de visualizar estromatólitos estratiformes na Gruta Cristal.

Estromatólitos Estratiformes na Gruta Cristal (24-08-2012)

Nesta foto pode-se observar com nitidez as camadas formadas ao longos de milhares de anos.

                                             Buraco do "Possidonio" (24-08-2012)

O buraco tem aproximadamente 60 metros de profundidae, a vegetação é de cerrado no exterior e árvores de grande porte no interior.

Estromatólitos estratiformes da Fazenda Arrecife (25-08-2012)


Estratificações dos estromatólitos da Fazenda Arrecife (25-08-2012)

Estromatólitos colunares da Fazenda Arrecife (25-08-2012)

Gruta dos Brejões (25-08-2012)
A Gruta dos Brejões é uma das mais notáveis do Brasil, com 7.750 metros de extensão. A entrada principal possui 60 metros de largura e 123 metros de altura, sendo a segunda maior boca de caverna em altura do Brasil.

Espeleotema da Gruta dos Brejões (25-08-2012)
Conhecido como "bolo de noiva", este espeleotema encontrado na Gruta dos Brejões é o maior da América Latina, que se tem registro.

Coluna da Gruta dos Brejões (25-08-2012)

 Este é um dos exemplares de colunas (encontro de estalactite com estalagmite) encontrados na Gruta dos Brejões.

sábado, 1 de setembro de 2012

Pesquisadores da UESB analisam fósseis raros encontrados na Bahia.





Encontrados fósseis raros no interior da Bahia
Material está sendo analisado na Uesb
por Mônica Lacerda
                                                                                                                                                                                                        14/1/2008 
    O município de Matina, situado na Região Centro-Sul do Estado da Bahia, a 828 km da capital, reúne uma das maiores concentrações de fósseis pleistocênicos do Brasil, presentes em toda a América do Sul há cerca de 11 mil anos. A descoberta, segundo o paleontólogo Douglas Riff, professor da Uesb, representa um tesouro científico que até agora se escondia sob os pés dos moradores de Matina.
Os materiais encontrados foram expostos de modo acidental por trabalhadores locais, com o uso de maquinário pesado, o que causou danos a muitas peças, estas, foram quebradas, separadas umas das outras e levadas para diversas residências da cidade. Isso fragmentou e descaracterizou a maior parte das espécies, dificultando uma análise mais completa.
Mas de acordo com o professor Douglas, a quantidade de fósseis é indiscutível e futuras escavações, desta vez feitas de modo controlado e com o depósito dos ossos em local apropriado, podem trazer mais e melhores informações sobre a pré-história da região. Parte do que já foi coletado, em novembro de 2007, está na Uesb, no campus de Vitória da Conquista, para análises mais precisas.
O paleontólogo explica que além das cacimbas formadas num lajedo da cidade, também foram encontrados fósseis nas casas de moradores do município. Entre eles, fósseis de preguiças-gigantes e também, para o pesquisador, a melhor peça encontrada até agora: uma mandíbula de um mastodonte ( parente extinto dos elefantes).
O grupo das preguiças-gigantes, chamado Mylodontoidea, inclui animais com tamanhos similares ao de um elefante, e seus parentes vivos mais próximos são as preguiças aborícolas, e um pouco mais distante, os tamanduás e os tatus. Douglas Riff afirma que as preguiças que viveram na região da Matina eram de grande tamanho.
Até o momento, foram encontrados dentes, vértebras e alguns ossos do pé (astrágalo e calcâneo) e da perna (tíbia): isso mostra que seus donos alcançavam pelo menos quatro metros de altura. Para o professor Douglas, a meta agora é continuar com os trabalhos de escavações e análises do material coletado, o que permitirá um ganho científico importante e singular para a Uesb e toda a sociedade.
Curiosidades
As preguiças gigantes e os mastodontes, animais herbívoros que alcançavam as folhas nas copas das árvores, são alguns dos fósseis mais característicos da chamada Megafauna, presente em toda a América do Sul durante o período Pleistoceno, que teve início há 1,8 milhões de anos e terminou há cerca de 11 mil anos, com o início do período em que vivemos: o Holoceno.
Durante o Pleistoceno e o início do Holoceno o mundo passou por momentos muito frios, chamados de glaciações ou “era do gelo”. Nessa época, a região da Matina era bastante diferente, mais semelhante ao Cerrado. Atualmente, possui formações vegetais de caráterxerófilo, ou seja, tolerante a escassez de água.
Foto 1: Vértebra EremotheriumFoto 2: Lajedo, em Matina
Foto 3: Mandíbula EstegomastodonFoto 4: Recontituição de um mastodonte
Foto 5: Reconstituição de uma preguiça gigante

Parque de Dinossauros em Ceará


    O ceará igualmente é um campo rico em fósseis (restos petrificados de animais, insetos ou vegetais). Um dos depósitos mais valiosos do mundo está na chapada do Araripe, no Cariri , onde já foram encontrados até dinossauros com mais de 100 milhões de anos! É o caso dos fósseis de Pterossauros, répteis voadores - de bicos de meio metro, dentes afiados e com envergaduras das asas chegando a 5,5m.

   Outra região é a chapada do Apodi, na fronteira do Rio Grande do Norte, em cujo lado cearense podem ser encontrados fósseis de invertebrados e impressões de folhas nas rochas. Há também, em outros municípios, ocorrências isoladas de uma fauna de mamíferos gigantes que ali viveu a cerca de 10 mil anos (inclusive em contato com homens, os quais caçavam tais animais). No Sertão Central, municípios de Quixadá, Quixeramobim, Morada Nova, Banabuiú, Russas, Alto Santo, Jaguaretama e Jaguaribe, e na região norte do estado, nos municípios de Ubajara, Sobral, Itapipoca, Itapajé, Tururu e Pacajus. Foi descoberto recentemente na área de Tauá, nos Inhamuns; ossadas de preguiças e tatus gigantes, além de tigres dente-de-sabre e texodontes, bem como inscrições e desenhos humanos de milhares de anos em rochas.

                         Fósseis encontrado na Chapada do Araripe.
                                        Preguiça Gigante.
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Réplica de Pterossauro no Cariri, região que já se consolida como um dos locais onde viveram dinossauros de milhões de anos atrás.
Crânio de dinossauro - Santana do Cariri.

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Paleontólogo Celso Ximenes mostra dentes de um mastodante achado em escavação na zona rural de Itapipoca. O acervo está no museu Pré-Histórico da cidade.

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     Os mastodontes viveram há cerca de 8 mil anos na área compreendida  hoje pela zona rural de Itapipoca.

                                Fóssil descoberto na região do Cariri.
Pterosauro Anhanguera - 4 a 5 Metros de Envergadura - Descoberto na Chapada do Arararipe/Ceará/Brasil
                Pterosauro Anhanguera encontrado na Chapada do Araripe.
                                 Reprodução do tigre dente-de-sabre.
             Gliptodonte, encontra-se no Museu de Pré-História de Itapipoca.
                             Crânio de um Tigre dente-de-sabre.

As primeiras pesquisas paleontológicas no estado iniciaram-se por volta da década de 1830, com o viajante inglês George Gadner.

Os fósseis têm importância  por duas razões. Primeira, provam a evolução das espécies vivas do planeta; segunda, informam sobre os antigos ambientes das áreas onde são encontrados. Assim, por exemplo, os achados demonstram que no passado (há cerca de 140 milhões de anos) a chapada do Araripe era um grande lago, o qual acabou inundado pelo mar e que deixou de existir devido aos movimentos da crosta terrestre - a  área, então, secou, verificando-se a fossilização das espécies que ali viviam.

A presença de resto de grandes animais no Nordeste e no Ceará evidencia com clareza que os aspectos da geografia, no passado, eram bem distintos de hoje. Dessa forma, alguns animais que são típicos de climas frios foram encontrados aqui, como ursos, os quais são característicos, na atualidade, de regiões geladas da América do Norte e Europa. Outro exemplo é o Texodonte, animal com 3m de comprimento por 1,5m de altura, de hábitos herbívoros e anfíbios, semelhante ao hipopótamo africano (dele foram encontrados fósseis em Itapipoca, com idade de 10 mil anos), que necessitava de grandes reservatórios permanentes d'água (lagos, rios, etc.) para sobreviver, indicando que o clima era bem mais úmido que  atual, com uma maior distribuição de chuvas.
Reprodução da Preguiça Gigante.

Animais como as preguiças gigantes ( herbívora com 3,5m de altura, existente há cerca de 4.400 anos), mastodontes (3m de altura herbívoro, de 10 mil anos). Animais que necessitavam de grande quantidades de alimentos, mostram que a vegetação era mais abundante que a de nossos dias.

Todas essas observações comprovam que no passado distante o clima do Nordeste era bem ameno em relação a do presente, não existindo obviamente nessas épocas as secas que tanto castigam a região.

Fontes: FARIAS, Aírton de. História do Ceará. Fortaleza-CE. 2007. 2ª Edição.
Jornal Diário do Nordeste.