quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ESTÁ EM SALVADOR?

ENTÃO NÃO DEIXE DE VISITAR O MUSEU GEOLÓGICO DA BAHIA


Ele está localizado na Avenida Sete de Setembro, 2195, Corredor da Vitória, em Salvador. O museu dispõe de estrutura, instalações e coleções equiparadas como alguns dos melhores museus, de mesmo tema, em funcionamento nos Estados Unidos e na Europa. 
Visitamos a SALA DE FÓSSEIS onde pudemos conhecer vários exemplares fósseis, de grupos mais antigos até grupos mais recentes. Vimos estromatólitos (Figura 1), trilobitas (Figura 2), peixes, madeira fossilizada (Figura 3), gastrópodes, equinodermos, artrópodes, etc. Neste mesmo salão tivemos a oportunidade de ver a réplica de um mastodonte (Figura 4) e reconstituição de seu esqueleto (Figura 5).



Figura 1: Fósseis de Estromatólitos (Icnofósseis)
Figura 2: Trilobitas

Figura 3: Madeira carbonizada
Figura 4: Réplica de um Mastodonte

Figura 5: Reconstituição do esqueleto de mastodonte

Por fim, visitamos algumas salas mais destinadas à área de Geologia, onde foi possível observar diferentes rochas e minerais (comparando a diferença na sua composição, formação e ocorrência), várias pedras preciosas, a réplica de um meteorito (Figura 6) e a sala destinada à indústria de petrolífera (equipamentos e procedimentos utilizados na identificação de locais que contem petróleo).

Figura 6: Réplica do meteorito Bedengó

A visita ao Museu Geológico da Bahia também foi positiva, uma vez que pudemos compreender e ampliar os conhecimentos sobre a evolução das espécies evidenciada pelo registro fossilífero, desde os estromatólitos aos Mamíferos. Uma verdadeira viagem pelo tempo geológico!


sexta-feira, 24 de agosto de 2012

VAMOS FAZER UMA VIAGEM AO ESPAÇO?

MUSEU PARQUE DO SABER   

O museu Parque do Saber é um museu de Ciências e também fala da história e cultura de Feira de Santana (BA), como exemplo de fotografias da exposição vimos como era a Ponte do Rio Branco e como ela está hoje (Figura 1).



Figura 1: Mostra fotográfica no Museu Parque do Saber evidenciando o ontem  e o Hoje da Ponte Rio Branco.

   Neste museu também tivemos a oportunidade de conhecer o teatro virtual, cuja tecnologia empregada possibilita a projeção de diversos tipos de vídeos em uma cúpula de 13 m de diâmetro. A cúpula do teatro cobre um auditório com capacidade para 165 pessoas e o equipamento de projeção de última geração é o ZKP4 Quinto, o único instalado na América do Sul.
     A experiência dentro da cúpula do teatro foi indescritível... uma sensação de que éramos tripulantes de uma espaçonave, observando as estrelas e constelações bem de perto... em outro momento de estarmos em um “submarino” conhecendo o fundo do mar... FOI MAGNÍFICO!

Próximo destino? Museu Geológico da Bahia (Salvador)...

Dinossauros no Carnaval? Como assim?


Dinossauros sempre fizeram parte da história e do imaginário de todos. Além de histórias, pesquisas e filmes, como o fictício Jurassic Park, dirigido pelo mago da ficção Steven Spielberg, que encantou e aguçou a curiosidade de crianças e adultos em todo o mundo. Os dinossauros também foram estrelas no carnaval da sapucaí em 2011. Encontrei uma publicação sobre o tema bem interessante. A seguir:

Fósseis no carnaval

Temas científicos, incluindo o estudo de fósseis, são muitas vezes retratados na principal festa popular brasileira. Na sua coluna deste mês, Alexander Kellner traz alguns exemplos de escolas de samba que apresentaram animais extintos em seu enredo.
Por: Alexander Kellner
Publicado em 09/03/2012 | Atualizado em 09/03/2012
Fósseis no carnaval

Em 2011, o carro abre-alas da escola de samba União da Ilha do Governador trazia diversos crânios de dinossauros. O enredo retratava aspectos da viagem do naturalista inglês Charles Darwin. (foto: Luiz Fernando e Sonia Maria/ Flickr – CC BY 2.0)
carnaval é seguramente a festa mais popular do Brasil e tem ganhado cada vez mais impulso em todas as cidades do país. No Rio de Janeiro, onde acontecem os mundialmente famosos desfiles de escolas de samba, centenas de profissionais passam o ano preparando a folia que, por alguns dias, agita a vida de milhões depessoas.
Como não podia deixar de ser, toda manifestação popular acaba incorporando diversos aspectos da sociedade, como elementos culturais e costumes. E a ciência também não fica de fora, tendo sido enfocada em maior ou menor escala nos enredos das escolasde samba ou nos blocos carnavalescos, que têm se transformado em uma alternativa cada vez mais popular para a diversão dos foliões.
A citação do físico Cesar Lattes (1924-2005) no samba-enredo da Estação Primeira deMangueira em 1947 e o memorável carro do DNA, que tanto maravilhou aqueles que puderam assistir ao desfile da escola de samba Unidos da Tijuca na avenida ou pela televisão em 2004, são dois bons exemplos.


Dinossauros e samba

Ao fazer uma pesquisa, pude constatar que também a paleontologia – como a ciência do estudo dos fósseis é chamada – pode ser encontrada em temas desenvolvidos pelas escolas de samba. Não sei exatamente quando o primeiro fóssil foi retratado em um enredo e agradeceria muito se algum leitor acabar descobrindo essa informação. Porém, não é muito raro que agremiações apresentem em seus desfiles fantasias e carros alegóricos que reproduzam algum fóssil, geralmente os de dinossauros.
Não é muito raro que agremiações apresentem em seus desfiles fantasias e carros alegóricos que reproduzam algum fóssil
Um desses registros foi apresentado nodesfile de 1990 pelo artista plástico recentemente falecido Joãosinho Trinta (1933-2011). Então carnavalesco da escolade samba Beija-flor de Nilópolis, eledesenvolveu o enredo ‘Todo mundo nasceu nu’. Para enfatizar a questão da nossa origem, trouxe no carro abre-alas um dinossauro. Irreverente como era, ocarnavalesco pôs um homem na bocarra do réptil extinto, como se o mesmo estivesse sendo engolido em plena Marquês de Sapucaí.
Outro enredo que chamou muita atenção foi ‘O mistério da vida’, desenvolvido pela União da Ilha do Governador em 2011 e no qual a escola procurou retratar aspectos da viagem do famoso naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). No carro abre-alas, aparecem diversos crânios de dinossauros, mostrando claramente que qualquer tema que envolva a evolução passa pela pesquisa dos fósseis. E esse enredo ainda trouxe muitos outros elementos associados aos fósseis.
O mais badalado carnavalesco da atualidade, Paulo Barros, é outro que usou fósseis em alguns dos temas desenvolvidos para a escola de samba Unidos da Tijuca. Entre as fantasias mais interessantes estão os dinossauros que apareceram em diversas alas do enredo ‘Esta noite levarei sua alma’desenvolvido em 2011. A azul-e-amarelo ficou com o vice-campeonato daquele ano – muitos acharam, inclusive, que ela merecia a primeira colocação.
Fantasia de dinossauro
Fantasia de dinossauro apresentada no desfile da Unidos da Tijuca, que em 2011desenvolveu o enredo ‘Essa noite levarei sua alma’ e ficou com o vice-campeonato. (foto: reprodução)
Outra escola de samba que retratou animais extintos em seu desfile foi a Acadêmicos do Grande Rio no enredo ‘Do verde de Coari, vem meu gás, Sapucaí’, de 2008. A agremiação de Duque de Caxias enfocou desde o início do universo até a exploração degás natural, que trouxe iluminação para as cidades.
A era dos dinossauros, com seus répteis gigantes, foi retratada como a origem do gás e do petróleo, embora do ponto de vista científico não seja bem assim. Hoje sabemos que os organismos que mais forneceram matéria orgânica para a formação do petróleo foram os microrganismos marinhos. Um detalhe que não tira o mérito da escola desamba ao enfocar essa temática.


Museu Nacional como enredo

Não apenas nodesfiles das principais escolas de samba aparecem os fósseis. Em 2008, a escola de samba Arrastão de Cascadura desenvolveu o enredo ‘Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 anode história’ e conquistou o segundo lugar do grupo C, conseguindo, assim, voltar a desfilar no sambódromo depois de uma longa ausência.
Dinossauro em carro alegórico
Dinossauro que fez parte do enredo ‘Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 anode História’, desenvolvido pela escola de samba Arrastão de Cascadura no desfile de 2008 do grupo C. (foto: Alexander Kellner)
A escola de samba contou com apoio do Museu Nacional/UFRJ, que forneceu não apenas auxílio na pesquisa para o desenvolvimento do enredo, como também algumas peças. Quem disse que museu não dá samba?
Algumas pessoas – incluindo cientistas – têm certas reservas quando temas científicos são apresentados em expressões ou festas populares, entre elas, o carnaval.
As maiores críticas estão sempre vinculadas à precisão científica, uma vez que, na maioria dos casos, não há condições de aprofundar o tema, o que pode levar a interpretações erradas. Dinossauros equivocadamente retratados como a origem dasnossas reservas de petróleo são um bom exemplo.
Múmia em carro alegórico
Além de dinossauros, o enredo de 2008 da escola de samba Arrastão deCascadura falava de outros aspectos da ciência, inclusive o estudo de múmias. (foto: Alexander Kellner)
Outra preocupação constante está no risco da banalização de assuntos científicos, o que pode, inclusive, descambar para o deboche. Sem dúvida, um sério risco.
Mas, por outro lado, existe algum assunto sobre o qual não se possa fazer uma boa piada? Políticos, empresários, situações que fogem do cotidiano não são constantemente expostos de forma alternativa? Ainda mais pelo nosso povo, conhecido mundialmente pela sua irreverência!
Abordar a ciência em eventos de massa é uma excelente maneira de a população tomar conhecimento de um tema científico
Pessoalmente, acho ótima a apresentação de assuntos científicos – incluindo o estudo dos fósseis – em manifestações populares como essa maravilhosa festa que é o carnaval. Claro que não é interessante quando um conceito científico é mal desenvolvido – o que poderia ser facilmente evitado com uma consultoria básica, muitas vezes gratuita, dada por pesquisadores, se estes fossem consultados.
De qualquer forma, abordar a ciência em eventos de massa é uma excelente maneira de a população tomar conhecimento – mesmo que superficial – de um tema científico. Além disso, não podemos esquecer que o carnaval é uma festa e não tem que ter (felizmente!) a precisão que os cientistas necessitam no seu trabalho.
Alexander Kellner
Museu Nacional/UFRJ

Academia Brasileira de Ciências



Mas não só em pesquisa e samba estão os dinossauros. Eles também curtiram um frevo. 
 (Foto Amannda Oliveira) 










                        

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

VALE A PENA CONHECER!!!


Olá pessoal, tivemos a grande oportunidade de conhecer nos dias 01 e 02/08/12 o MUSEU ANTARES DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA, o MUSEU PARQUE DO SABER E o MUSEU GEOLÓGICO DA BAHIA. Logo abaixo compartilharemos com vocês um pouco daquilo que pudemos conhecer e observar durantes estas visitas.

1. O Museu Antares de Ciência e Tecnologia conta com espaços como Planetário, A Conquista Espacial, Espaço Natureza, o “parque dos dinossauros” e diversas atividades interativas, palestras, vídeos educativos, etc.
    No primeiro momento conhecemos o ESPAÇO NATUREZA que é uma divisão de caráter expositivo, destinado às Ciências Naturais, abordando temas especais sobre a fauna e flora ocorrentes no estado da Bahia.
  No seu acervo encontramos peças ósseas (figura 1), esqueletos completos de diferentes vertebrados como peixes, répteis, aves e mamíferos (figura 2), diversos exemplares de invertebrados (figura 3), animais taxidermizados (figura 4) de diferentes grupos, entre outros.

Figura 1: Peças ósseas de Crânio de Porco e Crânio de Cavalo.

Figura 2: Esqueleto completo de uma Codorna (Ave) e de um Rato (Mamífero).


Figura 3: Exemplar de invertebrado (Coleoptera, Hexapoda, Arthropoda)

Figura 4: Sariguê taxidermizado.
    Ainda nesse mesmo espaço vimos a representação da diversidade faunística e florística de alguns ecossistemas  brasileiros como Litorâneo/Marinho, Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado.

Figura 5: Ictiorama representando alguns animais que vivem em ambiente marinho (litorâneo).

Figura 6: Ictiorama representando a fauna e flora característica do bioma Mata Atlântica.

Figura 7: Ictiorama representando o bioma Caatinga.


    No segundo momento da visitação, ainda no Museu Antares, conhecemos as réplicas de Dinossauros e Pterossauros do Brasil (alguns em tamanhos originais), a exemplos: o Anhanguera santanae (Figura 8), pterossauro que viveu no Cretáceo Inferior há cerca de 110 milhões de anos e se alimentava de peixes (piscívoro) e é proveniente da Formação Santana (Bacia do Araripe).



Figura 8: Réplica de um pterossauro (Anhanguera santanae). *Não corresponde ao tamanho original

    Conhecemos também a réplica do Staurikosaurus pricei (Figura 9), um dos primeiros fósseis de dinossauros encontrados no Brasil, viveu no Triássico Superior há cerca de 225 milhões de anos e era carnívoro. O fóssil desse dinossauro é provenientes da formação Santa Maria e é um dos dinossauros mais antigos (Bacia do Paraná)


    Figura 9: Réplica de um Staurikosaurus pricei.

  Antarctosaurus brasiliensis (Figura 10), dinossauro saurópodo da família Titanosauridae, viveu no Cretáceo Superior há cerca de 80 milhões de anos. Apesar de seu crânio não ter sido encontrado, sabe-se que ele era um animal herbívoro. É proveniente da Formação Adamantina (Bacia Bauru).


Figura 10: Réplica de um Antarctosaurus brasiliensis.
*O tamanho original é 3 vezes maior.
   Nesta mesma área do museu também encontramos belíssimas réplicas de um mamute (Figura 11) e de uma preguiça gigante (Figura 12), ambos mamíferos.


Figura 11: Réplica de um Mamute.


Figura 12: Réplica de uma preguiça gigante.

Breve postaremos mais curiosidades e fotos dos outros dois museus...Até!

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


               Equipe da UESB-Jequié em visita ao  Monumento Natural- Vale dos Dinossauros ( Sousa-PB)

domingo, 19 de agosto de 2012


Monumento Natural Vale dos DinossaurosSousa-PB.

Vale dos Dinossauros compreende uma curiosa área de cerca de 700 km2, na qual inclui-se a cidade de Sousa e outros dez municípios da região sertaneja paraibana, onde a generosidade da natureza presenteou aquela região com um legado histórico de valor inestimável. Fica no sertão da Paraiba um dos maiores achados do tesouro palanteológico do mundo, mais precisamente na cidade de Sousa conhecida como a Terra dos Dinossauros. Lá, você vai ver in loco a trilha com pegadas de dinossaurosfossilizadas, gravadas num leito de um rio e preservadas há 65 milhões de anos pela natureza, trançando um paralelo entre a passagem desses animais na terra e existência e a evolução da especie humana.
Monumento Natural Vale dos Dinossauros, Sousa-PB.

Fonte: SPU ( Secretaria do Patrimonio da União)

<http://patrimoniodetodos.gov.br/gerencias-regionais/spu-pb/pontos-turisticos-da-paraiba/monumento-natural-vale-dos-dinossauros-sousa-pb/view>

Paleocurtas

As últimas do mundo da paleontologia



O dente da preguiça gigante

Fóssil encontrado em Sergipe traz evidência direta da interação entre a nossa espécie e esses animais. A descoberta, tema da coluna deste mês de Alexander Kellner, suscita questões sobre como se comprova a alteração de um material pela ação humana e quando essa megafauna se extinguiu.
Por: Alexander Kellner

O dente da preguiça gigante
Reconstituição da paisagem de Sergipe há 40 mil anos, com diversos representantes da megafauna que viviam na região, entre eles, a preguiça gigante. (arte: Marcelo e Tânia Viana; concepção: Mário Dantas)
Quando recebi de Mário Dantas (Universidade Federal de Minas Gerais) o trabalho que ele publicou com outros colegas no periódico Quaternary International sobre um dente de uma preguiça gigante extinta modificado pela ação humana, logo imaginei que esse assunto seria bem interessante para a coluna Caçadores de fósseis. Quantas vezes se tem a chance de discutir a interação entre animais extintos há milhares de anos e as primeiras levas da nossa espécie que chegaram à América do Sul?
No entanto, logo percebi que a problemática é bem maior do que eu supunha. Não apenas por suscitar a questão de como se comprova que um dente ou algum fóssil foi realmente manuseado pelo homem há milênios, mas também por envolver temas complexos, como até quando viveram os integrantes de algumas espécies extintas.

Poço redondo

O exemplar pesquisado por Mário Dantas e colegas foi coletado em 2010 na fazenda São José, situada no município de Poço Redondo, em Sergipe. O depósito é do tipo tanque, uma depressão natural formada por processos físicos e erosão química a partir de fraturas preexistentes na região.
Os sedimentos que preenchem esse tipo de depressão foram carreados devido a chuvas que, quando bem intensas, geravam um fluxo de água que também podia transportar restos de animais mortos presentes nos arredores da depressão. Aliás, justamente nesse tipo de depósito encontra-se grande parte dos fósseis atribuídos à chamada megafauna, que vivia em diferentes regiões do nosso planeta, particularmente durante o Pleistoceno (entre 1,8 milhão e 11,5 mil anos atrás).
Depósito em Poço Redondo
O dente da preguiça gigante foi encontrado em um depósito em Poço Redondo (Sergipe) formado por uma depressão natural que abriga sedimentos carregados pela água da chuva. (foto: Mário Dantas)
Apenas para relembrar, a megafauna é composta por animais geralmente de grande proporção que conviveram com a espécie humana e se extinguiram ao final da última era do gelo, entre 12 mil e 10 mil anos atrás. Entre os grupos mais famosos se destacam os mamutes, as preguiças gigantes e os tatus de grandes dimensões.

Processos naturais ou ação humana?

Entre os diversos fósseis coletados em Poço Redondo, um chamou bastante a atenção dos pesquisadores: um dente. Ao se depararem com esse exemplar, Mário e colegas notaram que ele estava incompleto, sem, no entanto, apresentar uma quebra natural, que poderia ter resultado de diversos processos físicos antes mesmo da preservação do material.
Quebras poderiam ter ocorrido, por exemplo, durante o transporte do dente para dentro do tanque. Porém, quando isso acontece, as partes quebradas exibem uma superfície bem característica, bastante irregular, sem apresentar qualquer ranhura ou estrutura orientada.
Todo o dente é bastante liso, o que sugere que foi aplainado, algo incompatível com um processo natural
Ou então o dente poderia ter sofrido a ação de pisoteamento, devido ao confinamento de animais em uma pequena área. Sem espaço e com mortes ocorrendo, eles acabam pisando nas carcaças. Tal situação pode ser observada hoje em dia nas savanas africanas em períodos de seca, quando a fauna local acaba se concentrando perto de corpos d’água, com muitos indivíduos e pouco espaço. Esse tipo de quebra também exibe marcas características: ranhuras sem qualquer direção preferencial.
O dente de Poço Redondo, ao contrário, é marcado por sulcos paralelos situados na sua ponta e nas suas laterais. Além disso, todo o dente é bastante liso, o que sugere que foi aplainado, algo incompatível com um processo natural. Por último, foram encontrados junto com esse exemplar artefatos líticos, o que é evidência direta da ação humana.
Dente de preguiça gigante
Além de ser bastante liso, o que sugere que foi aplainado, o dente estudado é marcado por sulcos paralelos situados na sua ponta e nas suas laterais, como mostram os detalhes da figura. (foto: Mário Dantas)
Uma das questões intrigantes que Mario e seus colegas tiveram que desvendar é a qual espécie o dente pertencia. Apesar de o fóssil estar incompleto, os pesquisadores puderam identificar camadas com cimento, ortodentina e ortodentina modificada. A análise dessas camadas mostrou que o dente pertence ao grupo Megatheriidae, formado pelas preguiças gigantes.
Das duas espécies de preguiça gigante existentes em solo brasileiro, Megatherium americanum foi registrada apenas na região Sul do país, enquanto Eremotherium laurillardi tem distribuição em todo o território nacional, incluindo o Nordeste. Logo, não é preciso pensar muito nos motivos que levaram aos autores a atribuir o material encontrado a Eremotherium laurillardi...
Mas a descoberta ainda tem outras implicações...

Idade do fóssil

Ao pesquisar sobre artefatos líticos encontrados no estado de Sergipe, os registros mais antigos são atribuídos à cultura Canindé. Com base em datações realizadas por meio do método do Carbono 14, foi estabelecido que essa cultura estava desenvolvida entre 8.950 e 5.570 anos atrás – idade estimada também para o dente.
A espécie de preguiça gigante pode ter vivido até o Holoceno e interagido com a população humana existente naquele tempo
Diante desses dados, Mário e colegas chegaram a duas alternativas. Ou a espécie de preguiça gigante viveu até o Holoceno (que se estende de 11,5 mil anos atrás aos dias atuais) e interagia com a população humana existente naquele tempo, ou então a chegada da espécie humana à América do Sul é mais antiga do que se supõe, devendo ter ocorrido há cerca de 15 mil anos – idade já proposta por alguns autores, mas não aceita pela maioria dos pesquisadores.
Sem querer me aprofundar nessa questão, o período exato da chegada da espécie humana à América do Sul tem sido foco de uma discussão intensa. As evidências físicas diretas são representadas por um crânio encontrado em Lagoa Santa (Minas Gerais). Esse exemplar, ao qual se deu o nome informal de Luzia e que se encontra exposto no Museu Nacional/UFRJ, teve sua idade determinada entre 11 mil e 11,5 mil anos.
Resta, agora, que os pesquisadores deem prosseguimento a essa escavação na região de Poço Redondo, em Sergipe. Se a burocracia deixar, eles certamente farão diversas novas descobertas, que podem elucidar essa interessante questão que é a interação entre a nossa espécie e a megafauna.
Obrigado ao Mário pelo envio do trabalho.

Alexander Kellner
Museu Nacional/UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
Fonte: Ciência Hoje / Colunas / Caçadores de fósseis

Dinossauros: animais de ‘sangue quente’?

Análise de ossos de ruminantes pode ajudar a entender a fisiologia dos dinossauros. O estudo de Alexander Kellner, derruba objeções à hipótese de que alguns desses répteis extintos seriam capazes de usar processos metabólicos para regular sua temperatura corporal.
Por: Alexander Kellner

Dinossauros: animais de ‘sangue quente’?
Muitos pesquisadores defendem que a fisiologia dos dinossauros seria mais parecida com a dos répteis tradicionais do que com a dos mamíferos e aves, mas há evidências que põem em xeque essa hipótese. (reconstrução de Maurilio Oliveira/ Museu Nacional)
Não deve ser difícil para o leitor imaginar as dificuldades que estão relacionadas com a pesquisa da fisiologia de animais extintos. Muitas vezes eles são tão diferentes das espécies atuais que elaborar hipóteses aceitáveis sobre como seus organismos funcionavam torna-se uma tarefa bastante complicada. Essa situação vale, particularmente, para os dinossauros e formas aparentadas.
Para tentar responder questões vinculadas à fisiologia de espécies extintas, lançou-se mão de estudos paleohistológicos, feitos a partir do exame de lâminas delgadas de ossos desses animais. 
Com base em análises realizadas em alguns répteis atuais, verificou-se a existência de anéis concêntricos nos ossos. Essas linhas se formam pela alternância de fases de crescimento, quando ocorre deposição óssea, com etapas em que o crescimento para e essa deposição diminui.

Como a maioria das seções paleohistológicas realizadas em ossos de dinossauros apresentam linhas de interrupção de crescimento, muitos pesquisadores passaram a defender que a fisiologia desses animais seria mais semelhante à dos répteis tradicionais (crocodilomorfos e lagartos) do que à dos mamíferos e aves. No entanto, essa interpretação contraria outras evidências, como o fato de algumas espécies de dinossauros terem crescimento rápido – como acontece com os mamíferos – e cobertura tegumentar (penas ou protopenas) – característica observada em aves.
Segundo pesquisas, esse crescimento cíclico é típico de organismos com baixo metabolismo e essas linhas de parada de crescimento devem-se à diminuição da temperatura corporal, o que ocorre com a maioria dos lagartos, por exemplo. Animais com metabolismo alto conseguem manter a temperatura de seu corpo estável e, desse modo, teriam crescimento contínuo, sem interrupções significativas até chegarem à maturidade, quando deixam de crescer. Assim, não apresentariam linhas que refletem interrupção de crescimento. Esse seria o caso dos mamíferos e das aves.
Uma pesquisa publicada recentemente na Nature e conduzida por Meike Köhler (Universidade Autônoma de Barcelona, Espanha) e colegas pode justamente ajudar a resolver esse impasse. Esses autores fizeram o mais completo e detalhado estudo de lâminas ósseas de um grande número de mamíferos.
Antílope
O estudo baseou-se na análise de lâminas ósseas de mamíferos ruminantes, grupo que inclui, entre outros animais, cervídeos, bovídeos, antílopes e girafas e que está espalhado por distintos ambientes climáticos. A foto mostra um órix, grande antílope africano. (foto: Winfried Bruenken/ Wikimedia Commons)
Os pesquisadores analisaram lâminas do fêmur de 115 indivíduos de mais de 40 espécies diferentes de mamíferos ruminantes – que englobam, entre outros animais, cervídeos, bovídeos, antílopes e girafas. Além disso, monitoraram duas populações de ruminantes com relação a variáveis como temperatura corporal e níveis hormonais e coletaram dados sobre esses animais publicados de forma esparsa na literatura.

Modelo ideal

Ruminantes são ideais para estudos sobre a relação entre metabolismo, crescimento e variação de temperatura corporal por diversos motivos. Primeiro, eles vivem em distintos ambientes climáticos, desde áreas bem frias, como o norte da Europa, até a região equatoriana da África, tipicamente quente.
Ademais, a maioria das espécies tem um período juvenil relativamente longo, que ultrapassa 12 meses. Dessa forma, a fase de crescimento desses animais se estende por todas as estações do ano, o que não ocorre com muitos outros mamíferos, que chegam à fase adulta bem antes.
Por último, devido à alta necessidade de calor decorrente do seu complexo estômago, os ruminantes são considerados um estado extremo de animais homeotérmicos (capazes de manter a temperatura do corpo relativamente constante) e endotérmicos (regulam sua temperatura corporal por meio de processos metabólicos).
Popularmente, as formas endotérmicas são chamadas de ‘animais de sangue quente’ e as ectotérmicas de ‘animais de sangue frio’. Mas os pesquisadores evitam esses termos, por causa da sua imprecisão
Os animais endotérmicos distinguem-se dos ectotérmicos, porque estes últimos obtêm calor do ambiente no qual se encontram, tornando-se dependentes de condições externas. Com relação à capacidade de manutenção de uma temperatura constante no corpo, os homeotérmicos diferem dos pecilotérmicos (ou poiquilotérmicos), nos quais a temperatura corporal pode exibir grandes variações. A maioria dos mamíferos é homeotérmica e endotérmica.
Popularmente, as formas endotérmicas são chamadas de ‘animais de sangue quente’ e as ectotérmicas de ‘animais de sangue frio’. No entanto, os pesquisadores hoje em dia evitam esses termos, por causa da sua imprecisão e da confusão que podem gerar. Por exemplo, estudos provaram que muitos lagartos – que são formas ectotérmicas –, quando tomam ‘banhos’ de sol (estratégia comum usada por animais com baixo metabolismo para aumentar a temperatura do seu corpo), possuem, nesse momento, uma temperatura corporal mais alta até do que a de muitos mamíferos.

Resultado surpreendente

A grande surpresa do estudo de Meike Köhler e colegas foi a constatação de que todas as espécies de ruminantes analisadas, independentemente da latitude, do clima e das condições ecológicas em que viviam, exibem linhas indicativas de interrupção de crescimento. Desde o pequeno antílope Nesotragus moschatus, com pouco mais de 3 kg, até o maior dos antílopes (Tragelaphus derbianus), cujo peso ultrapassa 900 kg, apresentaram essa característica.
Lâmina óssea
Lâmina óssea de veado-vermelho ('Cervus elaphus') mostrando duas linhas duplas de interrupção de crescimento. (foto: Meike Köhler)
Com base no monitoramento de duas populações de ruminantes, os pesquisadores puderam determinar que, durante tempos de escassez alimentar e condições adversas (secas ou invernos rigorosos), esses mamíferos colocam em ação uma complexa estratégia de conservação de energia. Esta inclui variações tanto da temperatura corporal como das taxas de metabolismo, além de alterações nos níveis hormonais. Todas essas mudanças levam à parada de crescimento evidenciada nas lâminas histológicas. Por outro lado, em tempos de fartura (geralmente nas estações chuvosas), esses mamíferos maximizam o seu crescimento.
Dessa forma, fica claro que o crescimento cíclico, ou seja, a existência de variações na deposição óssea em função da estação do ano e da disponibilidade de recursos naturais, é um fenômeno que ocorre em todos os animais e não está restrito apenas a formas ectotérmicas, como se pensava antes.
Essa estratégia fisiológica – de diminuir o crescimento diante de adversidades – pode ser considerada uma característica primitiva. Mas os mamíferos também desenvolveram a estratégia de maximizar o seu crescimento quando os recursos são abundantes. Esse crescimento acelerado, evidenciado pela grande vascularização nos ossos, pode, segundo o estudo liderado por Meike Köhler, ser de 10 a 30 vezes maior que o das formas ectotérmicas. Essa é a grande diferença entre esses animais e pode ser considerada a novidade evolutiva desenvolvida pelos mamíferos.

Definições imprecisas

Diante da observação de que linhas indicativas de paradas de crescimento também ocorrem em animais endotérmicos, não se pode utilizar esse tipo de evidência para argumentar que os dinossauros são necessariamente formas ectotérmicas.
Os dinossauros são tão diversificados que seria quase impossível imaginar que todos teriam as mesmas características fisiológicas
Aliás, existe uma tendência nossa de simplificar o que, às vezes, não pode ser simplificado. No campo da fisiologia, podemos constatar uma diversidade muito grande de características nas formas atuais. Há peixes que vivem em ambientes com temperatura externa tão constante que se comportam como animais endotérmicos, morcegos cujas temperaturas do corpo podem diminuir drasticamente, entre outros exemplos.
Por isso, o mais correto seria ver a endotermia e a ectotermia como pontos extremos separados por uma grande variedade de situações intermediárias. Sem contar que os dinossauros são tão diversificados que seria quase impossível imaginar que todos teriam as mesmas características fisiológicas.
Essa pesquisa me lembra um ponto que sempre enfatizo para os meus alunos: para entender a natureza, nós, da espécie humana, temos a necessidade de classificá-la e de elaborar definições. O problema é que nem sempre a natureza “colabora”... Brincadeira à parte, nunca é demais lembrar que definições são realizadas por nós e nem sempre os fenômenos encontrados correspondem às nossas expectativas. Nessas situações, precisamos rever conceitos e paradigmas. A fisiologia dos animais é um desses casos.

Alexander Kellner
Museu Nacional/ UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
Fonte: Ciência Hoje / Colunas / Caçadores de fósseis