sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Dinossauros no Carnaval? Como assim?


Dinossauros sempre fizeram parte da história e do imaginário de todos. Além de histórias, pesquisas e filmes, como o fictício Jurassic Park, dirigido pelo mago da ficção Steven Spielberg, que encantou e aguçou a curiosidade de crianças e adultos em todo o mundo. Os dinossauros também foram estrelas no carnaval da sapucaí em 2011. Encontrei uma publicação sobre o tema bem interessante. A seguir:

Fósseis no carnaval

Temas científicos, incluindo o estudo de fósseis, são muitas vezes retratados na principal festa popular brasileira. Na sua coluna deste mês, Alexander Kellner traz alguns exemplos de escolas de samba que apresentaram animais extintos em seu enredo.
Por: Alexander Kellner
Publicado em 09/03/2012 | Atualizado em 09/03/2012
Fósseis no carnaval

Em 2011, o carro abre-alas da escola de samba União da Ilha do Governador trazia diversos crânios de dinossauros. O enredo retratava aspectos da viagem do naturalista inglês Charles Darwin. (foto: Luiz Fernando e Sonia Maria/ Flickr – CC BY 2.0)
carnaval é seguramente a festa mais popular do Brasil e tem ganhado cada vez mais impulso em todas as cidades do país. No Rio de Janeiro, onde acontecem os mundialmente famosos desfiles de escolas de samba, centenas de profissionais passam o ano preparando a folia que, por alguns dias, agita a vida de milhões depessoas.
Como não podia deixar de ser, toda manifestação popular acaba incorporando diversos aspectos da sociedade, como elementos culturais e costumes. E a ciência também não fica de fora, tendo sido enfocada em maior ou menor escala nos enredos das escolasde samba ou nos blocos carnavalescos, que têm se transformado em uma alternativa cada vez mais popular para a diversão dos foliões.
A citação do físico Cesar Lattes (1924-2005) no samba-enredo da Estação Primeira deMangueira em 1947 e o memorável carro do DNA, que tanto maravilhou aqueles que puderam assistir ao desfile da escola de samba Unidos da Tijuca na avenida ou pela televisão em 2004, são dois bons exemplos.


Dinossauros e samba

Ao fazer uma pesquisa, pude constatar que também a paleontologia – como a ciência do estudo dos fósseis é chamada – pode ser encontrada em temas desenvolvidos pelas escolas de samba. Não sei exatamente quando o primeiro fóssil foi retratado em um enredo e agradeceria muito se algum leitor acabar descobrindo essa informação. Porém, não é muito raro que agremiações apresentem em seus desfiles fantasias e carros alegóricos que reproduzam algum fóssil, geralmente os de dinossauros.
Não é muito raro que agremiações apresentem em seus desfiles fantasias e carros alegóricos que reproduzam algum fóssil
Um desses registros foi apresentado nodesfile de 1990 pelo artista plástico recentemente falecido Joãosinho Trinta (1933-2011). Então carnavalesco da escolade samba Beija-flor de Nilópolis, eledesenvolveu o enredo ‘Todo mundo nasceu nu’. Para enfatizar a questão da nossa origem, trouxe no carro abre-alas um dinossauro. Irreverente como era, ocarnavalesco pôs um homem na bocarra do réptil extinto, como se o mesmo estivesse sendo engolido em plena Marquês de Sapucaí.
Outro enredo que chamou muita atenção foi ‘O mistério da vida’, desenvolvido pela União da Ilha do Governador em 2011 e no qual a escola procurou retratar aspectos da viagem do famoso naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882). No carro abre-alas, aparecem diversos crânios de dinossauros, mostrando claramente que qualquer tema que envolva a evolução passa pela pesquisa dos fósseis. E esse enredo ainda trouxe muitos outros elementos associados aos fósseis.
O mais badalado carnavalesco da atualidade, Paulo Barros, é outro que usou fósseis em alguns dos temas desenvolvidos para a escola de samba Unidos da Tijuca. Entre as fantasias mais interessantes estão os dinossauros que apareceram em diversas alas do enredo ‘Esta noite levarei sua alma’desenvolvido em 2011. A azul-e-amarelo ficou com o vice-campeonato daquele ano – muitos acharam, inclusive, que ela merecia a primeira colocação.
Fantasia de dinossauro
Fantasia de dinossauro apresentada no desfile da Unidos da Tijuca, que em 2011desenvolveu o enredo ‘Essa noite levarei sua alma’ e ficou com o vice-campeonato. (foto: reprodução)
Outra escola de samba que retratou animais extintos em seu desfile foi a Acadêmicos do Grande Rio no enredo ‘Do verde de Coari, vem meu gás, Sapucaí’, de 2008. A agremiação de Duque de Caxias enfocou desde o início do universo até a exploração degás natural, que trouxe iluminação para as cidades.
A era dos dinossauros, com seus répteis gigantes, foi retratada como a origem do gás e do petróleo, embora do ponto de vista científico não seja bem assim. Hoje sabemos que os organismos que mais forneceram matéria orgânica para a formação do petróleo foram os microrganismos marinhos. Um detalhe que não tira o mérito da escola desamba ao enfocar essa temática.


Museu Nacional como enredo

Não apenas nodesfiles das principais escolas de samba aparecem os fósseis. Em 2008, a escola de samba Arrastão de Cascadura desenvolveu o enredo ‘Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 anode história’ e conquistou o segundo lugar do grupo C, conseguindo, assim, voltar a desfilar no sambódromo depois de uma longa ausência.
Dinossauro em carro alegórico
Dinossauro que fez parte do enredo ‘Paço de São Cristóvão: do Palácio Real ao Museu Nacional, 200 anode História’, desenvolvido pela escola de samba Arrastão de Cascadura no desfile de 2008 do grupo C. (foto: Alexander Kellner)
A escola de samba contou com apoio do Museu Nacional/UFRJ, que forneceu não apenas auxílio na pesquisa para o desenvolvimento do enredo, como também algumas peças. Quem disse que museu não dá samba?
Algumas pessoas – incluindo cientistas – têm certas reservas quando temas científicos são apresentados em expressões ou festas populares, entre elas, o carnaval.
As maiores críticas estão sempre vinculadas à precisão científica, uma vez que, na maioria dos casos, não há condições de aprofundar o tema, o que pode levar a interpretações erradas. Dinossauros equivocadamente retratados como a origem dasnossas reservas de petróleo são um bom exemplo.
Múmia em carro alegórico
Além de dinossauros, o enredo de 2008 da escola de samba Arrastão deCascadura falava de outros aspectos da ciência, inclusive o estudo de múmias. (foto: Alexander Kellner)
Outra preocupação constante está no risco da banalização de assuntos científicos, o que pode, inclusive, descambar para o deboche. Sem dúvida, um sério risco.
Mas, por outro lado, existe algum assunto sobre o qual não se possa fazer uma boa piada? Políticos, empresários, situações que fogem do cotidiano não são constantemente expostos de forma alternativa? Ainda mais pelo nosso povo, conhecido mundialmente pela sua irreverência!
Abordar a ciência em eventos de massa é uma excelente maneira de a população tomar conhecimento de um tema científico
Pessoalmente, acho ótima a apresentação de assuntos científicos – incluindo o estudo dos fósseis – em manifestações populares como essa maravilhosa festa que é o carnaval. Claro que não é interessante quando um conceito científico é mal desenvolvido – o que poderia ser facilmente evitado com uma consultoria básica, muitas vezes gratuita, dada por pesquisadores, se estes fossem consultados.
De qualquer forma, abordar a ciência em eventos de massa é uma excelente maneira de a população tomar conhecimento – mesmo que superficial – de um tema científico. Além disso, não podemos esquecer que o carnaval é uma festa e não tem que ter (felizmente!) a precisão que os cientistas necessitam no seu trabalho.
Alexander Kellner
Museu Nacional/UFRJ

Academia Brasileira de Ciências



Mas não só em pesquisa e samba estão os dinossauros. Eles também curtiram um frevo. 
 (Foto Amannda Oliveira) 










                        

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