Leia uma entrevista com Alexander Kellner, palentólogo especializado nesses dragões voadores
Alexander W. A. Kellner nasceu em 1961, no principado de Liechtenstein, que fica entre a Suíça e a Áustria, na Europa. Veio para o Brasil, em 1965, com a mudança da família e abriu mão de sua nacionalidade para tornar-se um cidadão brasileiro. Formou-se e especializou-se em geologia e desde 1997 trabalha no Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Lá, ele se dedica à pesquisa de vertebrados fósseis e já descobriu muitas espécies. Entre elas, o dinossauro carnívoro Santanaraptor placidus e o réptil voador Thalassodromeus sethi. Em busca de novas descobertas, organiza e participa de expedições em diversas partes do mundo. Em entrevista para a Ciência Hoje das Crianças, Kellner conta um pouco de sua profissão e de seu mais recente livro sobre pterossauros. Confira!
Ciência Hoje das Crianças – Quando e por que você decidiu ser paleontólogo?
Alexander Kellner - De forma resumida, a primeira vez que me interessei pela paleontologia – que é o estudo dos fósseis, os restos dos organismos extintos – foi quando visitei o Museu Nacional com meus pais. Fiquei fascinado por aqueles esqueletos montados, que eram de preguiças gigantes. Depois disso, aprendi que a paleontologia era uma disciplina da geologia. Assim, fiz esse curso pensando em me tornar um paleontólogo. Meu interesse era entender um pouco mais da diversidade da vida que existia no passado. O mais gozado era que, quando criança, eu assistia muito ao desenho dos Herculóides. Tinha um dragão voador que me fascinava e, por ironia do destino, acabei estudando os dragões voadores, como os pterossauros também são conhecidos.
O que faz um paleontólogo?
Ele passa a maior parte do seu tempo trabalhando em pesquisa no seu gabinete, estudando os fósseis. Ele também tem que dar aulas e orientar alunos. Agora, tem uma atividade que eu, como paleontólogo, adoro: a pesquisa de campo! Nela, por algumas semanas, a gente procura indícios de fósseis. Quando os encontra, então, se inicia uma escavação. É emocionante encontrar restos de organismos que passaram milhões de anos soterrados. E você é o primeiro a encontrá-los… É uma sensação muito boa.
Seu trabalho envolve troca de conhecimento com outras áreas? Por quê?
Sim. Para um organismo se preservar, ele tem que ser levado para um local onde possa ser soterrado, coberto por sedimentos. Somente assim o fóssil não é destruído pelos animais carniceiros ou decomposto. E isso ocorre geralmente no fundo de mares, lagos ou rios. Assim, para um paleontólogo entender bem as informações que ele pode obter do fóssil, ele precisa entender também das rochas sedimentares onde ele é preservado. Para isso, são necessários conhecimentos da geologia. Além disso, quando ele procura entender como o organismo – agora representado por parte: ossos, dentes etc. – funcionava e vivia, precisa de conhecimentos da biologia.
Quando criança, você pensou em ter outra profissão?
Muitas. Primeiro pensei em ser astronauta. Depois, engenheiro eletrônico. Quando estava mais velho, pensei em fazer administração de empresas. Por fim, decidi cursar geologia, para me dedicar a pesquisas dos fósseis.
Pterossauros – os senhores do céu do Brasil é o seu primeiro livro?
Na verdade, este é o meu quinto livro. Outros foram: a minha tese de doutorado, um catálogo de fósseis, um livreto de 12 páginas com brincadeiras para crianças e o livro O Brasil no tempo dos dinossauros, que está esgotado. O livro Pterossauros – os senhores do céu do Brasil , no entanto, tem uma diferença fundamental em relação aos outros e a todos os livros que foram publicados na língua portuguesa: ele é de divulgação científica, conta um pouco os bastidores de importantes descobertas feitas no Brasil. Ele é destinado a pessoas que gostam de ler – não apenas para quem tem interesse na paleontologia! É um livro que tem por objetivo entreter as pessoas, mostrando como a pesquisa dos fósseis pode ser fascinante.
O que você diria para as crianças que pensam em se paleontólogas?
Primeiro, estudem bastante. Nada é melhor do que ter um conhecimento geral sobre vários assuntos, mesmo que eles não sejam utilizados diretamente na pesquisa do “futuro-paleontólogo”. Depois, procurem ler um pouco sobre o assunto. Se ainda tiverem interesse nos fósseis, devem fazer um curso de geologia ou de biologia, que recomendo mais. Durante o curso, procurem fazer um estágio em algum lugar onde exista paleontologia. Esta é a maneira mais segura de a pessoa saber se gosta ou não da pesquisa dos fósseis. Lembrem-se: o principal quando se escolhe uma profissão é ser feliz com ela! Eu sou, espero que vocês também sejam, independentemente da profissão que escolherem! Espero que gostem do livro e se deixem levar pelas asas dos pterossauros ao mundo fascinante da paleontologia!
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